domingo, 5 de outubro de 2008

PALAVRAS E PESSOAS

VERSOS INÉDITOS

Porque ligo as palavras às pessoas?
Será porque as palavras falam das pessoas,
Ou porque as pessoas falam das palavras?

As pessoas utilizam as palavras para ferir,
As palavras servem-se das pessoas para ler,
Quem mais lucra deste jogo encoberto,
São as pessoas que tentam emergir,
Ou as palavras que guardam o saber?
Num Mundo de Medo e Desértico?

Com as palavras constroem-se ideias,
Inventam-se histórias falsas e verdadeiras,
Fazem-se declarações de Fé e Amor,
Pelas palavras protege-se e dá-se tareias,
Dão-se flores brancas de amendoeiras,
Fazem-se promessas e traições sem temor.

Com as palavras as pessoas ofendem,
Abusam das palavras sem consentimento,
Utilizam-nas como prostitutas fáceis,
Acham que das palavras não dependem,
Mas imploram piedade e arrependimento,
Nos momentos difíceis e menos hábeis.

As palavras têm sempre razão,
As pessoas julgam tê-la, mas não.
Da prova de força entre as duas,
Surgem verdades nuas e cruas,
Dando razão às palavras sinceras,
E culpando as pessoas megeras.

Com as palavras constroem-se lindas histórias.
Reais ou de ficção, o enredo não interessa,
Sonhos e aventuras as pessoas imaginam.
As palavras guardam para sempre as memórias,
Permitem que a vida em si não esmoreça,
Transmitem às pessoas vida, não intimidam.

Declarações de amor e promessas constantes,
Ameaças e vinganças de alvo indiscriminado,
Enganos e desenganos danosos e ferozes,
As palavras são hábeis e mortificantes,
Atingem todos e tudo, o mais amaldiçoado,
As palavras não perdoam, são atrozes.

Pessoas e Palavras, de ódios sedentos,
De tanto guerrearem e discordarem,
Nascerão corpos hediondos sem mente,
Sem rosto, almas frias, corações sangrentos,
Perderão forma e sentido, de tanto lutarem.



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