quinta-feira, 25 de julho de 2013

DEPOIS DOS SETENTA


Atravessei a linha dos setenta, passei p'ro outro lado,
A vida é outra, é diferente, tem maior valor e qualidade.
Fiquei sem contactos, sem convívio, sinto-me isolado,
Voltei ao tempo de criança, esqueci toda a maldade.

Deixei de ser alguém egoísta, sou muito mais humano,
Tornei-me mais solidário e sensível, estou muito atento,
Já não vejo o Mundo a cores, vejo-o a preto e branco.
Sou agora poupado, amealho p'ra manter meu sustento.

Considero-me um privilegiado por desfrutar da vida
À minha maneira, sem compromissos e sem ilusões,
Vivo de verdades e não de mentiras, sinto emoções
Com as dificuldades doutros setentas sem guarida.

Passei à escrita o que vejo e sinto, usando a poesia,
P'ra denunciar e protestar das injustiças e ofensas,
A que estão sujeitos muitos dos além dos setentas
Que se desencontraram com a vida numa esquina.

Ruy Serrano, 28.06.2013, às 22:00 H

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