segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O ESTADO - NAÇÃO PIRÂMIDE


(PUBLICADO)


Todas as formas geométricas são referências e representam a nossa mobilidade no espaço terreno em que vivemos. Para podermos interpretá-las com lógica e objectividade, temos de as considerar dinâmicas e não estáticas, como parecem ser. O insigne arquitecto, Gonçalo Byrne, definindo a nobre arte que é a Arquitectura, declarou que esta é comparável a uma Pirâmide em que os vértices representam a Beleza, a Construção e o Uso.
Esta sua análise inspirou-me a tomar a Pirâmide como exemplo para exprimir a ideia que tenho do Estado-Nação, interpretando-a da maneira mais adequada Deveria separar o Estado da Nação, mas não é possível, por, na maior parte dos países, o Estado confundir-se com a Nação, dado aquele dominar esta, dando lugar a uma interdependência institucional e indissolúvel. Veremos então porque motivo escolhi a pirâmide para desenvolver o meu tema.

A Pirâmide representa a Nação, assim constituída: o vértice superior, onde se situa o Estado, que a domina; o corpo intermédio, refúgio inexpugnável dos Apaniguados; e a base de sustentação, bastante ampla, reservada aos Súbditos.

O Estado apresenta-se ao alto, dominador, autoritário, arrogante, impondo a aplicação implacável das suas leis, cobrador e consumidor compulsivo de impostos, esbanjador, pregador de promessas inconcretizàveis, incumpridor, etc.
Os Apaniguados constituem a Elite da sociedade, pertencentes às classes média alta e burguesa. Compartilham com o Estado o tão propalado e mítico “crescimento económico” criado, em grande parte, pelos súbditos. São imunes ao cumprimento das leis e movimentam-se com perspicácia, envolvidos em interesses ocultos, geradores de avultadas mais valias, sonegadoras de impostos.
A base da Pirâmide é da exclusividade dos Súbditos, pertencentes às classes média e pobre, e vai aumentando de tamanho na proporção directa das dificuldades que se vão deparando. A sua vivência é comparável à das formigas que, contra todas as vicissitudes, laboriosa e esforçadamente vão construindo a sua casa, angariando alguns escassos proveitos para poderem contribuir com a sua colecta pesada para o Estado. Limitam-se a pagar os impostos e cumprir as leis, sem remissão. Os parcos rendimentos que lhes restam são insuficientes para uma vida digna, mas tão só de sobrevivência As suas ambições, assaz limitadas, são um incentivo à inacção e descrença no futuro. Por isso, é cada vez maior o número daqueles que, voluntária ou coercivamente, se rendem à evidência dos factos e acabam por cruzar os braços, de desânimo, reduzindo a produtividade.

A Pirâmide é predominante em todo o Mundo. Que bom seria que todas as Pirâmides existentes se transformassem em Rectângulos e estes em Quadrados. Se isto acontecesse, seria um bom prenúncio de que tinham deixado de existir desigualdades e injustiças e caminhar-se-ia, pacífica e tranquilamente para a forma ideal, Esférica, à imagem do Hemisfério Terrestre, tal como a Criação o moldou. Tenho a percepção de que este é, no fundo, o desejo da maioria dos Seres Humanos, pois voltar-se-ia à Pureza Universal que a Providência nos legou.

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