quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

DUAS PAIXÕES







INÉDITO




Os meus 11 anos deixavam-me sensível e atento a tudo que fosse novo e diferente. Era a idade das descobertas, do querer saber mais e mais. Por isso, quando deixei Cabinda e cheguei a Lisboa, tive a sensação de ter mudado de Mundo.

A minha viagem de barco de carga foi atribulada, pois chegou a andar à deriva, à mercê de ondas de 15 metros, numa luta titânica em riscos de afundar, mas que, por protecção divina, não se consumou a tragédia. Depois de 40 dias de viagem, chegámos finalmente a Lisboa, sendo de imediato surpreendido com a entrada da barra do Tejo, deslumbrante e misteriosa.

Ficámos instalados na Pensão Brancamp, na rua do mesmo nome, onde o edifício está inteiramente recuperado e integrado numa arquitectura moderna. À noite, na companhia de meus pais e meu irmão mais novo, fui descobrir Lisboa nocturna. Descemos a Avenida da Liberdade e um eléctrico – transporte muito utilizado naquela época -, deixou-me completamente deslumbrado, pois no meu imaginário, era uma casa com muitas luzes com rodas e a andar. O parque Mayer transmitiu-me magia com o misto de paraíso feérico de música e luzes, com muitas e curiosas diversões e principalmente fados. A voz que logo me impressionou e tocou foi da Amália que adulei durante toda a minha vida, embora também apreciasse a Hermínia Silva.

Reiniciei em Lisboa a minha vida estudantil, completando o ensino primário num colégio privado e ingressando automaticamente na Escola Comercial Patrício Prazeres cujo curso tirei em 4 anos. Os professores, o nível de ensino, a disciplina, o rigor dos horários, os recreios e os amigos deixaram-me boas recordações.

Por todas estas razões apaixonei-te eternamente por Lisboa e por Amália, dois símbolos da identidade Nacional que, para os merecermos, devemos saber respeitar e preservar para sempre.

Sem comentários: