terça-feira, 19 de março de 2013

LEMBRANÇAS NOSSAS, MEU PAI

ODE A MEU PAI

Lembras-te, meu pai, quando eu nasci
Que tiveste mais uma alegria na vida,
No momento em que vi a luz do dia?
Lembras-te, meu pai, quando contigo
Íamos ao mato, fazer permuta de bens
Com nossos amigos, e com os miúdos
Eu brincava e me divertia todo o dia?

Lembras-te, meu pai, quando eu fugi
De ti pra não me bateres, ao roubar
Um maço de tabaco pra meus amigos,
Mas ainda me castigaste e te agradeci
Por nunca na vida ter o vício de fumar?
Lembras-te, meu pai, quando às aulas
Eu faltava pra jogar à bola de trapos?

Lembras-te, meu pai, quando o Estado
Te queria cassar o alvará de empresário
Se não demolisses o casarão de madeira
Onde eu nasci, comprada aos ingleses?
Lembras-te, meu pai, quando te deixei
Pra assentar praça no sul, contrariado,
E não te poder ajudar nas tuas tarefas?

Lembras-te, meu pai, quando o barco
Em que viajávamos pra mãe pátria,
Devido a uma tempestade, arriscou
Afundar e eu fiquei assustado, chorei,
E ao comandante e telegrafista implorei,
Que pelo morse pedisse socorro urgente?
Passou o mau tempo e eu fiquei contente.

Lembras-te, meu pai, quando meu irmão
Fernando recebeu tua condecoração
De Comendador, por tu estares ausente?
Lembras-te, meu pai, quando adoeceste
E eu de te ver a definhar, muito sofri,
Ao teu sofrimento silencioso eu assisti,
Impotente pra te valer naquele momento?

Lembras-te, meu pai, quando te despediste
De mim pra sempre e me pediste e à mãe
Pra seres sepultado no Fubo, onde vivemos
Os melhores anos da nossa apressada vida?
Espero ainda poder juntar-me a ti e à mãe
Pra relembrar e cantarmos o nosso hino,
Evocando todos os nossos amigos e família.
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