sábado, 5 de agosto de 2017

O CAIS DE ONDE EU PARTI

Daquele cais junto ao Tejo, donde parti,
Num dia muito triste que não esqueci,
Em direcção à minha terra, lá longe,
Na África misteriosa, meu berço doce.

O cais de onde eu parti, jamais esqueço,
Foi um misto de tristeza e de expectativa,
Que senti, por saber que meu regresso,
Confesso, não era por mim tão previsto.

Quis a providência que por maus motivos,
Voltasse aquele cais, de regresso forçado,
Sem me ter sido por alguém explicado,
Porque eu e minha família fomos banidosj

Esse cais encheu-se de gente e caixotes,
Tudo viera a monte no barco fantasma,
Que aquele cais do Tejo por fim aportara,
E eu recebido com protestos e dichotes.

Não bastara o meu azar de ter de voltar,
Ainda fui recebido como ser indesejado,
Meu futuro por muito tempo hipotecado
Com dificuldade para agruras ultrapassar.

Nem as andorinhas da Primavera, amigas
Que de África trouxera, me deram alegria,
Tal era também a sua tristeza, sem alento 
Para voarem através do novo firmamento.

Ruy Serrano - 05.08.2017


Sem comentários: