quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O MEU PAPAGAIO...

(INEDITO)

O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Nasceu na minha roça do Fubo,

Lá no alto de uma mulimba.

Viveu na cidade,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Aprendeu a viver, a falar e a brincar,

Cresceu e aprendeu maneiras,

No meu quintal das brincadeiras,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Come denden, e papaia,

Adora ginguba e banana,

É amigo, não é sacana,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Tem saudades da sua terra,

Do madrugar com os chilreios,

Dos tons e múltiplos cheiros,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Tem na sua memória fértil,

O pôr do Sol avermelhado,

Orgulhosamente guardado,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

É muito atento e observador,

É crítico e mordaz comentador,

Foi baptizado no Equador,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Foi expulso da sua terra, injustamente,

Esta refugiado em Portugal,

Não sabe se lhe será fatal,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Ainda acredita ser justiçado,

Poder regressar à sua terra,

Acabar com toda a miséria,

Como eu.

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