terça-feira, 27 de novembro de 2012

O MEU ESPELHO


Olho para o meu espelho e vejo um rosto marcado,
com marcas de espantalho,
que andou pelas mãos dos vendilhões
do meu templo, silêncio sobrado.

Não quero crer no que vejo no meu espelho.
Vejo dias, meses e anos passados,
rostos de figurões desfocados,
gente que apareceu do cacimbo molhado.

Vieram não sei donde, parecem doutro mundo,
chegaram, não sei como,
ficaram e de tudo se acharam seu dono,
espalham cheiro imundo.

Não me quis ver por mais tempo no meu espelho,
troquei de espelho para me suportar,
pois aquele espelho quebrara a minha confiança,
da minha imagem adulterar.

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