domingo, 28 de março de 2010

O MITO DA ALVORADA


INÉDITO

Amanheceu.
A chuva parou,
Ficou o cheiro forte da água.
O tempo emudeceu.
A ninguém lembrou,
Uma lágrima, uma mágoa.


Mais um dia.
Tento minorar dores,
Surpresas dolorosas do Alvor
Sou simples e barata mercadoria,
Refém dos mercadores.
Apelo a um ser superior.


Palavras vãs,
Eco, silêncio eterno.
Para quê suplicar caridade
Contra o poder de vis titãs.
Liberto do seio materno
Só me resta juízo e maturidade.


Rumo incerto traço,
Busco amor, pão e vida
Escolhos e barreiras encontro
Caminho longo, derradeiro fracasso,
Descendente, sem subida,
O meu futuro comprometo e ensombro.


Deixei de protestar.
Não há esperança nem Alvor.
Voltou a chover com intensidade,
Os campos verdejaram, deixei de chorar.
Retornei ao antes com amor,
Cheguei ao fim do caminho, à eternidade.

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