terça-feira, 29 de novembro de 2011

ENTRE CAMPAS E JAZIGOS


As pessoas misturam-se entre campas e jazigos,

De um cemitério qualquer, numa quinta,

Para se despedirem para sempre,

De uma vida extinta.


Choram lágrimas, trocam palavras, fazem rezas,

Uns por sentimentos, outros por dever,

Elogiam e enaltecem o falecido,

Sem aparente motivo.


No fim de uma vida breve, mal amado e desejado,

O falecido, já ausente fisicamente,

Não assiste à última cena,

Da sua perda eterna.


A família suplica por orações, que seja perdoada,

Por durante anos terem a vítima,

Mal tratado, como provocação,

Receando condenação.


Prometem em coro e com juras, respeitar vontades,

Que o falecido lhes pedira cumprir,

Não desbaratar o património,

Tentação do demónio.


Os amigos disfarçados de piedade, prometem perdoar,

Ofensas e prejuízos que lhes causou o falecido,

Aproveitam para lhe pedir perdão,

Sem fazer qualquer sentido.


A vítima brevemente é esquecida, passado a ausente,

É aberta nova página dos sobreviventes,

Que irão passar os mesmos dramas,

Ilusoriamente crentes.

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