As pessoas misturam-se entre campas e jazigos,
De um cemitério qualquer, numa quinta,
Para se despedirem para sempre,
De uma vida extinta.
Choram lágrimas, trocam palavras, fazem rezas,
Uns por sentimentos, outros por dever,
Elogiam e enaltecem o falecido,
Sem aparente motivo.
No fim de uma vida breve, mal amado e desejado,
O falecido, já ausente fisicamente,
Não assiste à última cena,
Da sua perda eterna.
A família suplica por orações, que seja perdoada,
Por durante anos terem a vítima,
Mal tratado, como provocação,
Receando condenação.
Prometem em coro e com juras, respeitar vontades,
Que o falecido lhes pedira cumprir,
Não desbaratar o património,
Tentação do demónio.
Os amigos disfarçados de piedade, prometem perdoar,
Ofensas e prejuízos que lhes causou o falecido,
Aproveitam para lhe pedir perdão,
Sem fazer qualquer sentido.
A vítima brevemente é esquecida, passado a ausente,
É aberta nova página dos sobreviventes,
Que irão passar os mesmos dramas,
Ilusoriamente crentes.
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