sábado, 1 de janeiro de 2011

JÁ CHEGA DE MOLEQUE. MAIS...NÃO

INÉDITTO

Segundo o dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, “Moleque”, significa “criado”, “serviçal”. É um termo muito vulgarizado em Angola, em que o colaborador mais novo de qualquer empresa, ou o membro mais novo de uma família, é submetido a uma discriminação em termos de direitos e obrigações, sendo-lhe atribuídas as tarefas mais exigentes e desqualificadas, mas de responsabilidade.
Esta filosofia discriminatória generalizou-se e hoje quase a totalidade dos cidadãos é “moleque”, pois depende de ordens superiores que condicionam a sua liberdade de pensamento e de acção. É um puro engano quando se pensa ou diz que vivemos hoje em democracia, com liberdade plena de pensamentos e de expressão. Ao nível familiar, profissional, político, sindical, em fim, da própria comunidade, somos moleques do sistema e da hierarquia imposta. É impossível fugir desta doutrina, pois o contrário era adoptar princípios mais justos e livres.
O quotidiano da nossa vida é demonstrativo da nossa total dependência de terceiros que nos impõem a sua vontade, por acharem que a sua opinião deve ser prevalecente por servir exclusivamente os seus interesses pessoais, mesmo reconhecendo que resulta em prejuízos notórios de terceiros. Eu próprio durante toda a minha vida me achei “moleque”, quer da família, quer do sistema político, conseguindo libertar-me quase totalmente desse pesadelo, quando já reformado. Para atingir esta matriz tive de abdicar de veleidades e ambições, na busca de mais rendimentos ou mediatismos, exclusivos dos mandantes.
E assim se eclipsa definitivamente a vida de quem tudo fez e não conseguiu alterar o sistema que tão mal o tratou e impediu de contemplar uma Nova Aurora. Que pelo menos essa perspectiva seja diferente para os nossos descendentes.

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