sábado, 29 de outubro de 2011

O MAR


Ó Mar, és tão grande, que me falta engenho

Pra cantar o teu pulsar, neste meio terreno.

Encerras tantos mistérios e tais riquezas,

Que me faltam palavras pra te enaltecer

E inspiração para descrever tuas belezas,

Receando se sirvam de ti para enriquecer.


Embora não tenha nunca sido marinheiro,

Nasci à tua beira, numa terrasinha africana,

Nas tuas águas quentes, banhos saboreava,

Secava-me deleitado à sombra do cacaueiro,

Sonhava com uma mulata, linda filigrana,

Que almejava vir a ser a minha namorada.


Naveguei muitas vezes sobre as tuas ondas,

Atravessei o Equador com o teu baptismo,

Irado, revoltaste-te com algumas afrontas,

Que os homens te lançaram com egoísmo.

Barcos puseste em risco de naufragarem,

Mobilizando as ondas para te vingarem.


Ainda hoje não decifrei a tua vil atitude,

Quando o barco que me trazia a Portugal,

Ficou sem rumo, batido pelo mar bravio,

Que atiraste sem piedade contra o navio.

Passei por momentos de medos e susto,

Poupaste-me à morte, tornaste-me astuto.


Fiquei-te grato e a admirar-te ainda mais,

Tens sido generoso, amigo e eloquente,

Ajudas o Homem com os teus recursos,

Em troca pedes que ele seja consciente,

Navegando tranquilo até atracar ao cais,

Sem cometer provocações, nem abusos.

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