domingo, 30 de outubro de 2011

OS MENINOS DE CABINDA


Fui menino de Cabinda como outros meninos,

Juntos convivemos e crescemos,

Amigos traquinas e ladinos,

Sempre nos entendemos.


Éramos meninos brancos, pretos e mulatos,

Audazes, solidários e irreverentes,

Fugíamos aos maus-tratos,

Éramos negligentes.


Apanhávamos passarinhos vivos ou à fisga,

Fazíamos judiarias às rãs e sapos,

A praia era a nossa amiga,

Os pais os mais chatos.


Nas sanzalas, com meus amigos me juntava.

Para as suas comidas saborear,

De minha casa desertava,

Só pensava em brincar.


Para fugir à catequese, às aulas ousava faltar,

Acompanhavam-me os meus amigos,

Para juntos podermos reinar,

Arriscando perigos.


Os meninos de então, tinham poucos brinquedos,

Entretinham-se a jogar à macaca,

Às escondidas, aos segredos,

Ou ainda à apanhada.


Como pena para as nossas diabruras e gazetas,

Ficávamos na escola de castigo,

Carpíamos as nossas tristezas,

Sem ar arrependido.


De meninos a adultos de repente passámos,

Romperam-se os laços que nos uniam,

Uns partiram, outros ficaram,

Os sonhos se sumiram.


Tenho saudades do tempo de menino de Cabinda,

Com os momentos de crianças inocentes,

Longe de imaginarmos ainda,

Tempos futuros repelentes.

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