VERSOS INÉDITOS
As palavras fluem e correm como rios, Brotam do meu âmago quando respiro, Aquecem os meus neurónios frios, Refrescam o meu ego de vil martírio.
São cúmplices dos meus monólogos, Já que desabafar não tenho com quem, Apontam-me caminhos teatrólogos, De encenação pessoal p´ra ninguém.
Revejo-me nas minhas palavras ardentes, Reencontro-me nas minhas mensagens, Vivo na busca de surpresas permanentes, Descubro, surpreso, respostas selvagens.
Insistente, vou às palavras descobrir, O que me atormenta é cego e mudo, Tento sempre desabafar e não mentir, Não recebo notícias, continuo sisudo.
Nas palavras encontro inspiração, P'ra a vida enfrentar de peito aberto, Conforto, coragem e transpiração, Dizem em segredo que estou certo.
Não desisto, continuo a ler e a soletrar As palavras que minha inspiração revelam, Para sempre olhar, recordar e amar, Tudo o que mal intencionados verberam.
Das palavras fiz obras por alguns admiradas, Por outros lidas mas não reconhecidas Resta-me o conforto das obras declamadas Por mim construídas, ditas e sentidas.
Das palavras não desisto, eterno amor, Construirei mil ideias e desejos irreais, Fluir e flutuar no imaginário, sem temor, Por toda a vida gravadas em memoriais.
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1 comentário:
Auto-comentário:- senti necessidade de escrever estes versos para enaltecer o uso das palavras, como o melhor monólogo-escrito que me sustenta o prazer e a ilusão da minha identidade e utilidade próprias numa sociedade eivada de contradições e traições.
Cabindês
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