quinta-feira, 14 de julho de 2011

A GUERRILHA E O CERCO

(PUBLICADO EM 13/03/2009,

NA "CIDADE DE TOMAR")
Se nos transportarmos às épocas dos lusitanos, deparamo-nos com duas grandes figuras que foram os verdadeiros obreiros e precursores da Nação Portuguesa. No ano 147 a.C. surgiu o primeiro líder dos lusitanos, Viriato, que, nos Montes Hermínios, actual Serra da Estrela, organizou um grupo de resistência à ocupação dos romanos, adoptando a táctica da “guerrilha”, com a qual conseguiu êxitos sucessivos sobre os pretorianos de Roma. Posteriormente, já no século XII d.C., outra enorme figura lusitana floresceu para conduzir os lusitanos, definitivamente, à fundação da nossa nacionalidade. A táctica utilizada, que se tornou em estratégia, foi o “cerco” que aplicou em todas as suas incursões ao inimigo. Foi através desta estratégia que D. Afonso Henriques levou a cabo todas as suas conquistas, mais particularmente, aos mouros. Depois de longos dias, meses e até anos, atingiu os seus objectivos com sucesso, provocando a rendição e a expulsão das terras lusitanas, dos infiéis que as ocupavam ostensivamente.
Esta abordagem a um tema tão evidente quanto actual e matematicamente eficaz, vem a propósito de Portugal ter herdado dos seus principais mentores e criadores os estigmas da “guerrilha” e do “cerco”, como os melhores veículos para sobreviver como Nação e como Império Colonial. Estas estratégias por serem congénitas, tornaram-se crónicas, instalando-se em todas as vertentes da vida nacional, sendo mais visível e eficaz nos meios políticos que passaram a adoptá-las como desígnio nacional para dominar a situação. Nos dias de hoje, a guerrilha e o cerco estão vivos e presentes na vida de todos nós. Sentimo-nos verdadeiramente cercados e espartilhados pelas leis que nos regem, com a obediência implacável ao seu cumprimento, sujeitando-nos ao controlo absoluto das nossas ideias e dos nossos rendimentos, sem direitos totais sobre o nosso património. Até este, que eventualmente, nos pode ser legado por herança, não nos pertence sem prestarmos contas ao Estado. Aquelas estratégias são extensivas ao sistema bancário, à religião, à nossa actividade de trabalho, às Escolas e mesmo ao nível familiar. Estamos sujeitos a regras e condutas que, criteriosamente, não deveriam existir por tornarem inibidores os nossos legítimos direitos, de livres opções e consequentes liberdades.
Enquanto permanecerem irredutíveis e inalteradas as estratégias adoptadas será a privação eterna dos mais elementares direitos do cidadão - que serve de sustentáculo e um dos pilares que constitui e suporta a Nação -, não permitindo que esta se torne tão sólida quanto seria o desejo dos seus filhos, por completa desmotivação.

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