quarta-feira, 8 de junho de 2011

ABRAÇAR A CIDADE



(ARTIGO PUBLICADO EM 22/12/2006,




NA "CIDADE DE TOMAR")




Viver na cidade é um privilégio dos seus residentes que têm a obrigação de contribuir para a sua valorização, conservação e divulgação. Todavia não é isso que se verifica e porquê?
A resposta é muito simples. A vida citadina tornou-se de tal modo absorvente que a maioria dos seus habitantes se alheia do espaço físico que ocupa para se preocupar quase que, em exclusividade, com os seus compromissos profissionais e de ordem pessoal. A própria família é relegada para segundo ou terceiro planos. Os mais prejudicados deste alheamento são os filhos. De facto, a comunidade actual duma cidade tornou-se muito egoísta e a sua conjectura subordina os seus constituintes a defenderem-se da agressividade duma concorrência feroz entre si e com outras comunidades, tanto nas profissões como nas mais diversas actividades.
Esta situação poderia ser amenizada e até eliminada se as pessoas soubessem olhar para a sua cidade como elemento valioso da sua vida, estimando-a, apreciando a sua beleza histórica e actual, os seus valores tradicionais e a convivência de cumplicidade urbana. Deveriam os seus habitantes pararem, de quando em vez, numa rua, numa esquina, numa colina ou até no alto de um edifício, para usufruírem do prazer de apreciarem a beleza do pormenor da arquitectura de um prédio, de um monumento, de uma rua, praça ou jardim, contemplarem as crianças a darem largas às suas brincadeiras, e prestarem uma especial atenção aos idosos, pioneiros da comunidade.
Outra vertente a que os residentes devem dar preferência, é a prioridade das aquisições dos seus bens de consumo na sua cidade, contribuindo para o seu crescimento económico, de que resultariam a criação e estabilização de empregos e maior fortalecimento do tecido empresarial.
Todo o alheamento desta realidade, apenas contribuirá para um maior distanciamento do citadino da sua cidade e o consequente definhamento da sua grandeza, perdendo dinamismo e projecção nacional e internacional. Esta constatação é evidente e eu próprio sou testemunha desse fenómeno, por me ter radicado em Tomar, adoptando-a como minha segunda terra Natal, em detrimento doutras cidades como Leiria, Abrantes e Torres Novas para não falar em Lisboa, Coimbra, etc. Assisti, impotente, a este crepúsculo que virá afectar e comprometer o futuro dos nossos descendentes, ávidos de iniciarem a sua vida activa e construírem o seu futuro, em prol do desenvolvimento da sua terra Natal ou de adopção, que é Tomar. Unamos as mãos e, em conjunto, abracemos a Nossa Cidade.


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