quarta-feira, 1 de junho de 2011

TENHO FOME

INÉDITO

Tenho fome do passado,
Do passado vivido
E sofrido.

Tenho fome das brincadeiras,
Brincadeiras divertidas,
Jamais esquecidas

Tenho fome dos banhos,
Banhos quentes da baía,
Iluminada pela lua.

Tenho fome do nascer do sol,
Vermelho e brilhante,
A crescer no horizonte.

Tenho fome das comidas e frutas,
Sabores únicos, tropicais,
Sempre gostosas.

Tenho fome dos matos e rios,
Densos de vida e cheiros,
Enleados ao meu corpo.

Tenho fome dos pássaros,
Do chilrear e múltiplas cores,
Agora em silêncio.

Tenho fome dos amigos,
Pretos, mulatos e brancos,
Distantes, mas presentes.

Tenho fome do ar e do sol,
Do mar e dos luares, sedutores,
Presos ao meu olhar.

Tenho fome das minhas coisas,
De valor motivo e tradicional,
Tristemente perdidas.

Tenho fome de poder perdoar,
Sem coragem para o fazer,
Enquanto não esquecer.

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