quarta-feira, 8 de junho de 2011

CABINDA - A TERRA PROMETIDA AFRICANA



(ARTIGO PUBLICADO EM 17/11/2006,
NA "CIDADE DE TOMAR")






Porque será Cabinda a Terra Prometida Africana!? Perguntará o leitor imbuído de curiosidade. O desvendar do significado desta interrogação estou eu autorizado a prestar-lhe, pois foi nesta abençoada terra que nasci e cresci.
Com localização equatorial privilegiada, fica situada a 5º33’00.00” a Sul do Equador e a 12º11’.04.00” a leste do Meridiano Principal. É limitada a Norte pela República do Congo (Brazaville), a Leste e Sul pela República Democrática do Congo (Kinshasa) e a Oeste pelo Oceano Atlântico. Por se encontrar fisicamente separada de Angola, tornou-se conhecida por “Enclave”, (designação algo redutora mas verdadeira). Tem a área de 12.000 km.2, sendo 10.000 km.2 de terra e 2.000 km.2 de água (dispõe de muitos cursos de água e lagoas). A costa Atlântica é de 150 km. e a fronteiriça de 421 km.. Os recursos naturais são principalmente: petróleo, diamantes, ouro, manganês, fosfatos, urânio, gaz, madeiras exóticas, café, cacau, óleo de palma, coconote, bananas, peixe, etc. A população é de cerca de 1.500.000 habitantes. A capital é Cabinda (Tchiowa). O clima quente e húmido e a pluviosidade elevada criaram condições únicas no mundo para a germinação e desenvolvimento de ricas e abundantes variedades de vegetação policromática, com predominância dos verdes - de tons diversos - e de animais de grande e pequeno portes, concomitantemente com a rica fauna marítima, mormente piscícola, formando um autêntico Éden. Esta terra paradisíaca só tem alguma similitude no Amazonas, da América do Sul e em Papua, da Nova Guiné, cujo habitat ímpar propiciou também a caracterização muito particular dos seus indígenas, entre os quais eu me incluo: elevado sentido de identidade própria; civismo; solidariedade; índole pacífica; sensibilidade filosófica, etc.
Achei indispensável fazer estas avaliações para percebermos a razão que assiste ao povo de Cabinda para desejar que sejam respeitadas as suas origens e tradições. Os herdeiros deste sublime legado, corporizado por este povo humilde, mas nobre de sentimentos, gostaria que lhe devolvessem a “Chave” do território que os seus ancestrais entregaram de boa fé à guarda de Portugal. Por esta razão única e legítima reclamam os seus direitos. As relações dos naturais com os colonos «não colonialistas» portugueses ali radicados, foram amistosas e pacíficas - não tendo qualquer equiparação com Angola -, devendo merecer um tratamento digno e conclusivo. Convém salientar que até aos anos 50, do século passado, vivia-se pacificamente, sem sobressaltos, com janelas e portas francas. Tudo era primitivo, pois não havia água potável nem canalizada e só se usufruía de 10 horas diárias de energia eléctrica, repartidas por 2 horas ao meio dia e 8 horas durante a noite. Não havia asfalto e as viagens ao interior, por estradas tortuosas e lamacentas, faziam-se a um ritmo de 1 hora por cada 10 km. A relação dos habitantes (leia-se “indígenas”) com a natureza deste território era pacífica e harmoniosa até ao momento da chegada dos intrusos,

Todas estas considerações justificam plenamente que consideremos Cabinda como Terra Prometida Africana, possuindo tudo que há de melhor: Natureza Pura e Riqueza Material e Humana, distintas, que os Cabindeses sabiamente preservam e tentam resguardar das ambições desmedidas dos neocolonialistas.

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