quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DESLUMBRAMENTO

Naquela madrugada, ao nascer, fiquei deslumbrado,
Ao conhecer meus pais e meus irmãos, meu sangue,
Fui-me deslumbrando, obcecado, enquanto crescia,
Com as descobertas q'eu surpreendido, ainda fazia.

Deslumbrei-me com os meus amigos, com a escola,
Com as garotas, com as brincadeiras, com a vida,
Mais deslumbrado fiquei com as bonitas mulheres
Que me gabavam os meus olhos, meus temeres.

Nunca perdi o deslumbramento, nunca o deixei,
Faz parte de mim, alimenta a alma e o meu ego,
Deslumbro-me agora com a poesia e os poetas,
Fico muito magoado com as críticas tão severas.

O deslumbramento tem-me dado muitos desgostos,
Momentos fictícios e reais que eu tenho de viver,
Impostos por pessoas sem escrúpulos, novelas
Que interpreto e passo ao papel, p'ralguém ler.

É com o deslumbramento que nasce muita poesia,
Também morre muita fantasia, preço da realidade,
A minha vida é o que vivi e gostaria ainda de viver,
Que já não terei tempo de usufruir antes de morrer.

Ruy Serrano, 25.08.2013

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