terça-feira, 3 de julho de 2012
DO ALTO DA MONTANHA
Subi ao alto da montanha, perdi a vista, ganhei o horizonte,
O novelo desenrolou, a linha esticou,
Puxei pela ponta e veio uma andorinha
Presa pela asa, coitadinha.
A minha andorinha, piava assustada, pediu-me guarida,
Protegia-a entre os dedos, afaguei-a,
Ela acalmou e ao meu ouvido sussurrou,
Quando enfim sossegou.
Revelou-me segredos que me trazia de longe, de África,
Boas notícias, em sonhos imaginadas,
Da família e dos amigos que lá deixara,
Tudo o que ambicionara.
De paisinho passei a avozinho, respeito e muito carinho,
Reencontros dos desencontros que o tempo
Consumiu em lume brando,
Feliz ressurgimento.
Diluído na voragem do tempo, o passado já não existe,
Apenas o presente e o futuro subsiste,
Na almofada das noites perdidas,
Com agrado vividas.
Preso às lianas que me laçaram o corpo e os movimentos,
Respiro o ar quente e húmido da floresta,
Que me trouxe a andorinha
Felicidade a minha.
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