Nunca mais me esqueço do meu banho de chuveiro,
Era uma odisseia que requeria perícia,
O chuveiro era um balde com cordel
Que eu puxava.
Enchia o balde de água barrenta da nossa cacimba,
Misturava-lhe umas gotas de criolina
Para matar as pulgas matreiras,
Que se escondiam
A temperatura da água era tão quente que lavava
Com sabão azul e branco, sem esforço,
Deixando macio o meu corpo,
E a pele acetinada.
Depois do banho limpava o corpo com toalha turca,
Que de tanto transpirar, outro banho
Apetecia voltar a tomar,
Por muito suar.
Durante o banho cantarolava alto com o olhar atento
No balde pendurado, não fosse o cordel partir
E o balde em cima de mim cair,
Sempre temendo.
Das brincadeiras com terra e muitas das vezes, lama,
O banho era uma perfeita barrela,
Demorava mais que o tempo
Do apagar de uma vela.
E assim eram os meus banhos todos os fins do dia,
Que era obrigado a tomar, contrariado,
Refilando e por vezes chorando,
Para ficar bem lavado.
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