sexta-feira, 20 de julho de 2012

KOTA JOAQUIM MAIEMBLA


Kota Maiembla me fala da minha casa, do meu quintal,
Daquele tempo, da ginguba por ti torrada,
Das histórias que tu me contavas,
Saudade guardada.

Me fala daquela mangueira grande, das bananeiras,
Dos castanheiros, dos coqueiros, da horta,
Que tu cuidavas com muito amor,
Natureza hoje morta.

Me lembra do curral com porcos, cabritos e galinhas,
Do grande lamaçal quando a chuva era muita,
Da cacimba com água barrenta,
Natural labuta.

Me fala do teu cachimbo que tu fumavas com prazer,
E do cigarro que punhas na boca, aceso.
Não mostravas a dor que sentias,
Eu ficava surpreso.

A dor que sentias sei que era outra, que tu escondias,
Da tua vida não prosperar e melhorar.
Vivíamos ambos condicionados,
Pelo regime de Salazar.

Me fala das nossas comidas saborosas e variadas,
Com que juntos nos deliciávamos,
A muamba com gindungo,
Prato que adorávamos.

Me conta o que ficou por me contar, por falta de tempo,
Dos teus antepassados, da tua vida,
Da tua força, da tua afeição,
Da tua sabedoria.
Te quero do coração agradecer, teres olhado por mim,
Foste sempre meu protector, meu amigo,
Evitavas os castigos de meus pais,
Quando te pedia abrigo.

Maiembla, onde quer que estejas, não mais te esquecerei,
Foi à tua beira que cresci e feliz vivi,
Nos bons tempos da nossa terra,
Como sempre quis.









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